OPINIÃO POLÍTICA | José Martinez

O meu partido, O Partido Comunista Português, vai, em Mafra, no dia 22 de Abril, comemorar o 25 de Abril com um já tradicional almoço, este ano no Pavilhão dos Amigos do Sobreiro.

Para nós, comunistas, comemorar Abril é refletir sobre a luta de classes que se desenvolve a partir do momento em que o trabalhador deixou de ser proprietário dos meios de produção. É refletir sobre os seus avanços, sobre os seus recuos.

Para nós comunistas comemorar Abril é abraçarmos os companheiros de luta que de alguma forma contribuíram para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e fazemo-lo de forma fraterna mesmo que não sejam comunistas mas que, como nós, resistam à ditadura da grande burguesia.

Nós não damos “afectos”, nós trocamos afectos.

Posta esta introdução surgiu uma questão no meu espirito:

Porque que é que os ideólogos burgueses não comemoram a revolução do 25 de Abril?

Será porque, alguns de forma dissimulada, outros de forma ostensiva, tem consciência que o 25 de Abril foi feito contra eles?

É verdade que nem todos os  que não comemoram o 25 de Abril tem consciência de que o 25 de Abril foi feito contra o capitalismo monopolista, que sofreu duros golpes infelizmente dos quais conseguiu recuperações ainda que parciais, mas a maioria dos que não comemoram o 25 de Abril não tem razões objetivas para o não fazer.

É inquestionável que com  o 25 de Abril construímos um país mais justo e solidário, consagrámos direitos e demos corpo a esses direitos.

São a liberdade de expressão e o voto popular. Foi o fim da guerra colonial, é a Escola Pública, é o Serviço Nacional de Saúde, é a Segurança Social, serviços públicos ainda insuficientes, direitos consagrados na constituição, a habitação, o emprego… A injustiça na distribuição da riqueza nacional constitui, a par da necessidade de aumentar a produção nacional, um dos mais graves problemas estruturais que o nosso país enfrenta.

Se o 25 de Abril foi despoletado pelos militares, a quem rendemos sincera homenagem, a verdade é que foi um culminar de luta, de resistência ao fascismo que transbordou naquela madrugada, luta a que o meu partido nunca virou a cara, pagando com o sangue de muitos dos seus militantes a “ousadia”.

Assistimos hoje no país e um pouco por todo o mundo, à tentativa de meter no mesmo saco, o fascismo e aqueles que mais lhe resistiram e que são também as suas principais vítimas. Além de ser uma infame mentira, é um insulto aos milhares de comunistas que foram os primeiros a lutar e a morrer pela liberdade e pela democracia. Mas mais do que um insulto este exercício constitui, objetivamente, uma tentativa de branquear o fascismo.

 

Muitos dos direitos conquistados com Abril, e que fazem parte do processo revolucionário, foram ameaçados, destruídos e comprometidos nos anos que se seguiram de política de direita, mas é inquestionável que Abril deixa uma lição – é possível transformar o sonho em realidade e viver num país mais justo.

Hoje como ontem somos chamados a resistir e a lutar pela liberdade e pelo aprofundamento da democracia com a convicção que não há obstáculos intransponíveis.

Quando o povo quer é possível transformar a sociedade.

E é disto que os inimigos das classes trabalhadoras têm medo.

A Camara Municipal de Mafra é o paradigma deste horror, aqui, o PPD/PSD, os seus políticos, fogem a tudo o que cheire a 25 de Abril penso até que é para inumar o 25 de Abril que se penitência em tantos exorcismos religiosos.

 

Viva o 25 de Abril

 

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